Análise da intervenção na Casa da Glória

A intervenção foi feita do outro lado da casa,  no primeiro pavimento, foram explorados a chamada sala de exposições, hall de acesso a sala de exposições, pátio que dá acesso ao local pela rua e a área livre na parte de trás. Um importante conceito que buscamos explorar foi a percepção de dentro e fora, isto utilizando o hall de exposições, a sala de exposições e a área livre, o objetivo era integrar esses espaços trazendo um elemento da área coberta - as duas salas - para o lado de fora - a área livre - de forma que ocorresse uma transição e não uma quebra brusca entre estar em um ambiente aberto e em seguida em um fechado, sendo que é possível mesclar características e portanto alcançar a integração. O elemento escolhido foi a madeira encontrada no piso de toda parte interna da casa, em contraste a ele existe um piso de pedra na área livre, o que gerava uma quebra de ambientes, assim foi implantado um piso de madeira por cima da pedra em alguns pontos, de forma a criar um caminho que se inicia da porta de acesso da área livre e direciona para mesas criadas no local, este que se transformou em um café. Ao redor dessas mesas a madeira forma uma espécie de deque, indicando um local de permanência, porém seu um uso pré determinado. 
Partindo do princípio de uso e forma, as mesas do café estão sobre canteiros com flores e plantas, esses canteiros já existiam porém com outra forma. Uma ideia inicial era deixar o formato original dos canteiros e fazer as mesas sobre eles, porém após refinamentos foi decidido o uso de uma nova forma, antes circular e agora quadrada e a mesa sobreposta sem formato definido, para justamente remeter a ideia de uso indeterminado. A forma do canteiro foi alterada, porém seu uso como uma preservação das plantas e ornamentação, foi mantido, mesmo que sob as mesas. 
Outro elemento integrador foi a linha posta logo abaixo do teto na área interna e à mesma altura na área externa. Sem um desenho definido, liga esses dois ambientes por não ter um começo ou fim e por permear praticamente todo o espaço explorado na intervenção. 
O espaços de dentro, que possuem o nome de sala de exposição e hall de acesso à sala de exposição, foram analisados sob a ótica do seu nome, com isso foi criado um espaço aberto que pode ser utilizado como uma biblioteca, sala de espera, local para tomar café, não possui um uso definido, mas tem indicações. Porém existem elementos como o painel, colocado em duas paredes e que abrange toda a sua extensão, composto de placas que podem abrir e fechar, dando ao usuário a possibilidade de definir se será uma mesa, cadeira ou se terá outro uso. Ademais todo este espaço pode ser transformado em uma sala de exposições, o painel dá ao expositor diversas opções de como colocar sua obra, os bancos já presentes nas salas podem permanecer e trazer um uso interativo da obra com o espectador. 
Nesta intervenção buscamos resgatar o uso de exposição dessas salas e trazer um novo, de forma que ambos possam se unir ou ainda existir separadamente. Com base no livro de Herman herztberger buscamos analisar o conceito de dentro e fora, através da integração de espaços sistematicamente definidos a priori, trazendo o de dentro para fora de forma sutil, sem mudar totalmente as funções que os elementos já existentes apresentavam, através de pequenas alterações em sua forma. Foi explorado em contrapartida o conceito de aberto e fechado, não mais como dentro e fora, mas como algo determinado e algo moldável. Somado a isto temos o conceito de público e privado na percepção de que o público por não ter um dono específico, não tem uma identidade específica, assim com a possibilidade do usuário definir a forma das placas, abertas ou fechadas ou ainda o que colocar nelas ou se utilizará como uma cadeira, deixa este espaço com um conceito de privado, de possibilidade do usuário de colocar uma identidade nele.

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